Eduardo Galeano

A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será.

Na alquimia colonial e neocolonial o ouro se transfigura em sucata, os alimentos em veneno.

Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória dos outros. Nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza por nutrir a prosperidade alheia: os impérios e seus beleguins nativos.

A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.

Somos porque ganhamos. Se perdemos, deixamos de ser.

A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é uma máquina. A publicidade diz: o corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa.

Não importa de onde vim, mas, sim, aonde quero chegar.

Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão.

A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.

Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara.