Eu escrevo todo dia, por compulsão. Mas agora, aos 70 anos, uma das perguntas que mais me intrigam é o que eu vou ser quando crescer. Há em mim um velho que não sou eu.
Em momentos assim, é fácil se afundar em perguntas. Mas eu sei muito bem que resposta nenhuma trará alívio. O passado não trará paz.
O mais grave no nosso tempo não é não termos respostas para o que perguntamos - é não termos já mesmo perguntas.
Quando me perguntam por que que eu não gosto do Natal, eu tenho uma razão bem simples: eu nasci no Natal.
Esse tempo todo fiquei me perguntando por que eu? Por que aconteceu comigo? Até que me dei conta de que a pergunta não era por quê. Mas sim quem e como.
Não há nada de errado em buscar a verdade, a graça ou a luz. O problema com a religião organizada é a afirmação de que todas as perguntas já foram respondidas.
E já não era jovem. A gente sente isso quando as complicações se somam, as respostas se esquivam das perguntas.