Miguel Esteves Cardoso

A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar dela como da vida.

Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.

Se alguém tem um ódio patológico às mentiras, deveria restringir ao mínimo as perguntas que faz.

Quase todas as mentiras são provocadas. As principais culpadas são as perguntas que se fazem.

No amor o mais importante é não fazer mal à outra pessoa. É secundário que se atinja este objetivo pela mentira ou pela honestidade. Infelizmente quase toda a gente odeia ser enganada.

Quando a sinceridade é considerada uma virtude, desconsidera-se o resultado que pode ter.

A verdade pode ser interessante, mas não é indispensável.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não.

Trocaria a memória de todos os beijos que me deste por um único beijo teu. E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua, de um único beijo que te dei.