Boas lembranças são como talismãs. Cada uma delas é especial. Vocês as coleciona, uma a uma, até que um dia olha pra trás e descobre que elas formam um longo cordão colorido.
A memória é o essencial, visto que a literatura está feita de sonhos e os sonhos fazem-se combinando recordações.
Mantemos um registro um do outro. Só posso imaginar que ele mantenha. Parece que ele se lembra de todas as minhas transgressões.
Sou hoje um caçador de achadouros da infância. Vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos.
Tentei esquecer aquele beijo e o passeio de carruagem e o clube de esgrima, mas a senhorita parece ter se instalado na minha memória.
Os diálogos, as emoções e todos os momentos que importam vão ficar guardados numa gavetinha muito especial da memória.
O tempo devora as memórias, as distorce. Às vezes, lembramos apenas das boas, outras vezes apenas das más.
Eu acho que é tudo uma questão de amor: quanto mais você ama uma recordação, mais forte e estranha ela se torna.